#HistóriaDeUruguaiana
Vamos conhecer um pouco mais da História da nossa cidade!
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Aspectos Gerais de Uruguaiana
Geografia e População
Uruguaiana está localizada nas margens do rio Uruguai na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, a 29°46'55" de latitude sul e 57°02'18" de longitude oeste e faz divisa com a cidade argentina de Paso de los Libres. Dista 643 km de Porto Alegre, capital do Estado do Rio Grande do Sul.
Pampa: termo de origem Quíchua que significa "região plana", é o Bioma onde se localiza o município de Uruguaiana. Única cidade fundada pelos farrapos (24/02/1843) e uma das poucas planejadas do Brasil no século 19. Cidade multicultural, é a mais populosa e desenvolvida da região com uma população estimada de 130.000 habitantes e reconhecida como a "Capital da Fronteira Oeste". 93% da população (120.900 habitantes) está concentrada na zona urbana e 7% (9.100) na zona rural.
2ª maior cidade fronteiriça brasileira (a 1ª é Foz do Iguaçu) e 4ª maior da Metade Sul do Estado, perdendo somente para Pelotas, Santa Maria e Rio Grande. A zona urbana ocupa uma área de 45,3 km² com uma malha viária de 270 km e está dividida em 36 bairros, enquanto a zona rural está dividida em 6 distritos. A densidade demográfica é de 22 habitantes por km². Possui um PIB de R$ 2.295.349.000,00 e PIB per capta de R$ 17.714,00 segundo dados do IBGE (2014).
O setor de serviços, incluído o comércio, é responsável por 73,86% do PIB, seguido pela agropecuária com 17,53% e a indústria com 8,61 %. Uruguaiana abriga o maior porto seco rodoviário da América Latina e o 3° do gênero em ordem de grandeza do mundo.
É o maior plantador de arroz irrigado da América Latina.
É o município com a 3ª maior extensão territorial do Estado (5.703,586 km²) depois de Alegrete e Santana do Livramento.
Limita-se ao norte com o município de Itaqui; ao sul com o município da Barra do Quarai e a República Oriental do Uruguai; à leste com o município de Alegrete e à oeste com a República Argentina.
Pela própria configuração do relevo, que não apresenta grandes elevações, o terreno em geral é plano; no entanto, destacam-se as coxilhas de Santana e Japeju.
Quanto à altitude, o ponto mais alto da cidade atinge 74 metros. Com um clima subtropical, Uruguaiana possui a maior amplitude térmica do país, por isso, as estações do ano são bem definidas, onde o verão é quente, o outono e a primavera são frios e o inverno é muito frio. A temperatura máxima média é de 25,8°C e a mínima média é de 9,7°C. Quanto ao volume de chuvas, a média anual é de 1.650mm. A umidade relativa do ar é de 70,6% em média.
Fonte: Prefeitura Municipal de Uruguaiana
Origens - Primitivos Habitantes
Índios Charruas
O espaço geográfico do atual município de Uruguaiana no ano do descobrimento do Brasil, em 1500, era habitado pelos índios Charrua. Charrua na língua “Quíchua" significa ribeirinho, porque eram índios que viviam nas margens dos rios e arroios. Seguidamente se deslocavam em busca de caça e pesca. A suas moradias eram feitas de couro de veado ou de boi.Antes do contato com os brancos, no século XVII, eram carniceiros e bravios. Foram chamados pelos padres jesuítas de "infiéis," porque jamais aceitaram a vida cristã nas reduções. Eram exímios cavaleiros e muito habilidosos com as boleadeiras. Uruguaiana tem sítios arqueológicos dos Charrua classificados entre os mais antigos da Região Sul do Brasil.
A Herança Jesuítica
Os padres jesuítas, em 1619, acompanhados de espanhóis e índios Guarani, foram os primeiros a visitarem o nosso atual território.
Em 1626 eles fundaram a Redução de Japeju, que se tornaria a mais populosa dos Trinta Povos Guarani, com 8.000 mil índios.
Os padres da Redução de Japeju, em 1657, fundam a Estância Santiago (BR472, Km 50) para servir de suporte alimentar dos Guarani missioneiros.
Mais adiante, no final do século XVII, eles expandiram as estâncias e postos de pastoreio ate o rio Negro, na atual Republica Oriental do Uruguai.
No século XVIII, a Estância Grande de Japeju, se revelaria como o maior estabelecimento pecuário da América do Sul, com 500.000 cabeças de gado e 65.000 km². Essa estância abrangia toda a área situada entre os rios Uruguai, Ibicuí e Negro e abastecia várias reduções.
Os índios Guarani eram os encarregados das atividades pecuárias. A Toponímia do município de Uruguaiana é toda Guarani: Uruguai, Ibicui, Ibirocai, Quaraí, Imbaá, Itapitocai, Pindai-Mirim, Garupá, etc.
Conquista das Missões
Em 1801, Borges do Canto, um desertor do Regimento de Dragões do Rio Pardo e seus companheiros conquistam as Missões dos espanhóis. Com a conquista das Missões, as estâncias missioneiras foram abandonadas pelos espanhóis e, consequentemente, pilhadas pelos luso-brasileiros.
De 1802 a 1810, as patrulhas volantes do Regimento de Dragões do Rio Pardo faziam a vigilância da região conquistada. A partir de 1811 são implantadas guardas militares de fronteira, de Jaguarão a São Borja, para prover o sistema defensivo da porção oeste da Capitania.
Distribuição de Sesmarias
As guardas de fronteira não foram suficientes para garantir a posse definitiva dessa cobiçada região. Objetivando a sua posse e consequentemente a sua exploração e povoamento, a Coroa Portuguesa, a partir de 1814, iniciou o processo de distribuição (doação) de sesmarias à militares, padres e tropeiros como retribuição por serviços (militares) prestados. Esta foi fundamentalmente a estratégia adotada pela Coroa. A sesmarias eram terras devolutas, medindo em regra 3 léguas por 1 légua (13.000 hectares) e que deram origem às estâncias de criação de gado e os latifúndios.
As estâncias serviram como postos avançados que se transformavam a todo instante em trincheiras de defesa. Neste cenário é que surgiu o estancieiro militarizado, auxiliado pelo peão-soldado, que juntos cumpriram o seu papel de guardiões do espaço a eles confiados tornando-se responsáveis pela consolidação e manutenção de nossas fronteiras.
Escravos
Em 1814 foram trazidos os primeiros escravos para trabalharem nas sesmarias. A maioria deles era comprada em Porto Alegre, Rio Pardo e Rio Grande e era nascida no Brasil.
O serviço numa grande estância não era pouco. Para que a criação de animais pudesse ser mantida por seus proprietários, era necessária uma boa estrutura. Os escravos, além da lida com o gado, produziam instrumentos de trabalho com o couro e o ferro, construíam cercas e mangueiras (currais) de pedras, transportavam lenha, etc. Havia ainda os serviços domésticos e a confecção de roupas e cobertores, visto existirem alfaiates e costureiras em algumas estâncias. Os filhos do estanceiro, ao lado de alguns escravos e peões, tomavam conta do numeroso rebanho da estância. No campo, o negro foi excelente peão de estância, domador, laçador e carreteiro. Os negros legaram palavras do linguajar campeiro (cacimba, sanga e matungo) e deliciosos pratos típicos (feijoada e mocotó).
Coletoria de Santana
No ano de 1838, o Governo Farrapo havia assentado uma base (coletoria e porto) no povoado de Santana do Uruguai, junto ao arroio Guarapuitã à beira do rio Uruguai. A Coletoria era estratégica e necessária à Revolução (Farroupilha) e o porto permitia a travessia do rio. Assim, os farrapos tinham o controle da vasta região de fronteira com dois países (Argentina e Uruguai), preparados para quaisquer
emergências.
Fonte: Prefeitura Municipal de Uruguaiana
Fundação de Uruguaiana
Época da Revolução Farroupilha
A origem de Uruguaiana decorre da época da Revolução Farroupilha (1835 – 1845). Conscientes da posição estratégica desta área, os farrapos, em agosto de 1838 assentam uma base (coletoria e porto) no povoado de Santana do Uruguai.
Do ponto de vista do Governo Farrapo, em 1840, dois fatores preocupavam as autoridades no 2° Distrito de Alegrete: as constantes inundações na povoação de Santana do Uruguai (Santana Velha), o que obrigava a população abandonar as suas moradias, e a falta de segurança nas estâncias. Numerosos salteadores oriundos de grupos revolucionários, aventureiros e desertores agiam como vândalos nas estâncias, saqueando, estuprando, furtando e roubando. Cansados da situação, todos acorrem aos farrapos em busca de uma solução. O Governo Farrapo se sensibiliza com o problema e determina a demarcação de um sítio à margem esquerda do arroio Itapitocai. Entretanto, outra área seria escolhida para a sede definitiva do povoado.
Domingos José de Almeida, Ministro da Fazenda do Governo Farrapo foi quem indicou a margem do rio Uruguai como o lugar mais adequado e determinou ao Presidente da Câmara de Vereadores de Alegrete, Joaquim dos Santos Prado Lima, que procedesse a escolha da área. O local escolhido em definitivo para a nova instalação do porto, da coletoria e da população que se achava dispersa pela região, se situava na estância de Joaquim Manoel do Couto, no local denominado Capão do Tigre, à margem do rio Uruguai, divisa com a localidade de Restauración (hoje Paso de Los Libres-RA), cujo território constituía o 2° Distrito de Alegrete ou Distrito de Santana.
Em 24 de fevereiro de 1843 era criada uma Capela Curada denominada "Capela do Uruguai", conforme uma resolução que foi sancionada pela Assembleia Constituinte e Legislativa de Alegrete. Por essa iniciativa e empenho, Domingos José de Almeida é considerado o fundador oficial de Uruguaiana.
No dia 29 de maio de 1846 a Capela do Uruguai era elevada à categoria de Vila e desmembrada de Alegrete. A nova freguesia, de início, teve a denominação de Santana do Uruguai e logo depois, Domingos José de Almeida, reunindo os nomes Uruguai (rio) e Ana (Nossa Senhora de Santana - padroeira da Vila) altera o nome para Uruguaiana. A própria invocação de Uruguaiana teve influência dos padres jesuítas. Uruguaiana foi elevada à categoria de cidade em 6 de abril de 1874 e em 29 de março de 1875 se tornava uma Comarca independente.
Além de Domingos de Almeida, também merecem destaque Bento Gonçalves da Silva, Davi Canabarro e Joaquim dos Santos Prado Lima, por todos os esforços que dispenderam para a criação do povoado.
Uruguaiana foi a única cidade fundada pelos farrapos e uma das poucas cidades planejadas do Brasil no século 19.
Retomada de Uruguaiana
Em 5 de agosto de 1865, 7300 paraguaios, sob o comando do Tenente Coronel Estigarríbia, invadiram Uruguaiana. O general Davi
Canabarro, procurando evitar o combate na Vila, determinou a evacuação do povoado e concentrou as tropas brasileiras na região de
Santana Velha, (Rio Uruguai), onde aguardou reforços.
D. Pedro II, entendendo que sua presença na área do conflito serviria como apoio moral às tropas na luta contra o invasor, expôs ao
Ministro da Guerra essa sua intenção e partiu para Uruguaiana no dia 10 de julho, acompanhando de seu genro Duque de Saxe, o Ministro
da Guerra Ângelo Ferraz e dos ajudantes de campo – Marquês de Caxias e General Francisco Cabral.
No dia 11 de setembro chegam a Uruguaiana e dormem no acampamento do Barão do Porto Alegre, Comandante-em-Chefe das tropas
brasileiras. No dia 12 de setembro, apesar de forte chuva, foi instalado o acampamento imperial numa coxilha, no lado leste da Vila de Uruguaiana (hoje imediações do CTG Sinuelo do Pago), local escolhido pelo próprio D. Pedro II.
No dia seguinte, às 9h e 30min, o Imperador visitou a flotilha comandada pelo Visconde de Tamandaré, na qual se encontrou com os
demais chefes aliados. Na manhã do dia 18 de setembro, D. Pedro e comitiva se encontravam em frente ao cemitério (antigo prédio do IRGA-PMU) entre os batalhões brasileiros.
Os invasores paraguaios estavam desmoralizados. D. Pedro decidira sitia-los sem trégua, interceptando suas comunicações por meio da
esquadra. Sem saída, o inimigo se rendeu e entregou as armas. As 16h em todas as direções eram vistos soldados brasileiros, cada um com um soldado paraguaio na garupa.
D. Pedro fez desfilar o exército inimigo (oficiais e soldados) desarmado, antes de entrar na Vila de Uruguaiana. Já era noite quando o Imperador e os chefes brasileiros entraram numa Uruguaiana, saqueada, destruída e fétida, onde primeiro visitaram a igreja que os paraguaios escolheram para quartel general. Depois, procuraram uma casa para jantar, alojando-se na residência do padre Antônio Dornelles (onde hoje funciona a loja P&S do Sr. Paulo Pavin), onde jantaram. Após a ceia, D. Pedro e comitiva regressam ao
acampamento.
No dia 19 de setembro D. Pedro II percorreu toda a trincheira erguida pelo inimigo. Em 23 de setembro a barraca Imperial é visitada pelo Sr. Eduardo Thornton, que fora enviado pela Rainha Vitória da Inglaterra como portavoz para reatar as relações diplomáticas com o Brasil, rompidas por ocasião da Questão Christie, ocorrida no litoral do Rio Grande. Naquela oportunidade, o Ministro britânico no Rio de Janeiro, Sr. Christie, acusou os moradores do litoral do Rio Grande de terem assassinado os tripulantes de um navio inglês naufragado. Na verdade, aqueles tripulantes morreram afogados. Mas a Inglaterra exigiu do Brasil pesadas indenizações, no que não foi atendida. A seguir, a Inglaterra, na época a maior potência do mundo, reconhecendo que agira de modo precipitado, pediu clemência a D. Pedro II.
No dia 1º de outubro, após as despedidas oficiais, D. Pedro e comitiva partem às 10 horas da manhã.
Revolução de 1923
Na revolução de 1923 Uruguaiana suportou o sitio de numerosa força revolucionaria, comandada por Honório Lemes. A defesa da cidade coube à Guarda Republicana, organizada pelos Drs. Sérgio Ulrich de Oliveira e José Antônio Flores da Cunha, na época Intendente do Município e comandante civil da praça. Enquanto o Dr. Flores da Cunha, com seu piquete à cavalo foi ao encontro do inimigo e o veio entretendo e tiroteando até a localidade do Cerrito, o Dr. Sérgio Ulrich de Oliveira com seus comandados, improvisou trincheiras em todas as bocas de ruas. Os sitiantes, depois de frustrados esforços para penetrarem na cidade, retiraramse no dia 3 de abril de 1923. Uruguaiana pouco sofreu e assistiu calma o sitio, sendo nesse dia, cognominada “Cidade Invicta”.
Fonte: Prefeitura Municipal de Uruguaiana