07/02/2022 às 00:52:10 | Matheus Leão | 1887

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Na noite deste domingo, a Reitoria da Unipampa se pronunciou em nota postada na página do facebook, falando sobre o possível caso de racismo que uma estudante teria sofrido no dia 28 de janeiro, onde um segurança possivelmente teria puxado a discente violentamente pela sua mochila, justificando que a mesma não havia se identificado, e que este seria um procedimento padrão.

Segue as duas notas, da Reitoria e do CONSUNI da Unipampa.

Nota da Reitoria: 

Nota do CONSUNI da Unipampa:

"A Representação Discente no CONSUNI Unipampa, vem por meio desta nota manifestar seu repúdio em decorrência do tratamento parcial e de caráter racista direcionado à discente do curso de Medicina, Camila Costa, ocorrido e denunciado no dia 28/01/2022. Na ocasião, ao entrar no hospital com fones de ouvido e se direcionar para a maternidade, um funcionário na portaria da Santa Casa de Caridade-Uruguaiana, hospital conveniado onde a Discente realiza seu internato, a puxou violentamente pela mochila, sob a justificativa de que a respectiva Discente não havia se identificado, e que este seria um procedimento padrão.

Ocorre que tal declaração não condiz com a verdade, tendo se apresentado como mera desculpa para ofuscar o caráter racista de seu comportamento e sua miopia seletiva na identificação de perigo. Como apresentado pela própria discente, que nos últimos anos tem frequentado a Santa Casa praticamente todos os dias, bem como ressaltado por inúmeros outros discentes do curso, a identificação não se trata de um procedimento padrão, tendo se manifestado como procedimento de exceção.

Para além disso, ainda que se tratasse de um procedimento padrão, o mesmo deveria ter sido realizado com o devido respeito à integridade física dos Usuários, Trabalhadores, Discentes, Acompanhantes ou Familiares frequentadores daquele serviço de saúde. O ato de puxá-la violentamente pelas costas, configura-se não somente como uma violência física, mas também social e constrangedora que revela muito sobre o caráter da instituição (em caso de omissão) e do profissional.

Questionamos se a mesma abordagem truculenta também é realizada com profissionais médicos, homens e brancos? Se realmente fosse um procedimento padrão, esse funcionário já teria sido afastado a muito tempo. Segundo as estatísticas, pessoas negras são as mais abordadas, seja por policiais e/ou seguranças, como o caso relatado.

No último levantamento realizado, dentre as raças que mais são mortas por policiais, 78% são negras. O racismo estruturado dentro da sociedade brasileira, leva a fatos como este, uma estudante, cumprindo seu papel, ter uma situação vexatória em seu próprio local de trabalho. Diante de tal ato desrespeitoso, desproporcional, e agressivo.

É importante salientar que que nunca irá ser tolerado pelos Representantes que escrevem esta nota, seja para membros da Categoria Discente que representamos, ou qualquer outro membro interno ou externo da nossa comunidade acadêmica. Vivemos em um momento conturbado do nosso país, e consequentemente, inúmeras são as adversidades enfrentadas nesse momento atípico, e deveríamos compreender os valores que realmente importam. Sendo assim, lutando por uma sociedade cada vez mais justa, igualitária e solidária, devendo ser este o norte que nos guiam neste e demais momentos.

Esperamos o pronunciamento urgente da direção do hospital sobre o ocorrido, bem como, as medidas cabíveis, uma vez que, um hospital que lida constantemente com pessoas, passando por momentos delicados, não deveria por parte de seus funcionários, apresentar tal atitude. Solicitamos também, que o Curso de Medicina, Direção de Campus e Reitoria da UNIPAMPA, se manifeste acerca do ocorrido, por se tratar de um Hospital-Escola, a Universidade tem responsabilidade subsidiária, devendo, averiguar os fatos e as circunstâncias, tomando as providências necessárias, para que isto não ocorra, com alunos, servidores e comunidade assistida por esta instituição.

“Sonho com o dia em que todos levantar-se-ão e compreenderão que foram feitos para viverem como irmãos.”

Nelson Mandela, Ana Clara Goes, Arthur Domingues, Cássio Cunha Araújo, Lucas Lage e Rodolfo Sales Gustinelli. "

Até o momento não tivemos nenhuma Nota oficial do Hospital Santa Casa de Caridade de Uruguaiana, a reportagem do Clic Uruguaiana irá entrar em contato para obter o lado da Santa Casa.

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